ATA DA SEXAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 07-12-2000.

 


Aos sete dias do mês de dezembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, nos termos do Projeto de Resolução nº 010/98 (Processo nº 0751/98), de autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Compuseram a MESA: o Vereador João Dib, presidindo os trabalhos; a Senhora Magali Lima Moraes, Diretora e Supervisora de 1ª a 4ª Série do Colégio Província de São Pedro; a Senhora Márcia Dimer, Orientadora Educacional da Escola Província de São Pedro; o Senhor Cícero Peretti, esposo da Homenageada; a Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, Homenageada; o Vereador Reginaldo Pujol, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL, PTB, PDT, PPB e PSB, discorreu sobre aspectos relativos à vida profissional da Homenageada, destacando a experiência educacional idealizada e desenvolvida pela Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti junto ao Colégio Província de São Pedro e justificando os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças, como extensão da Mesa: da ex-Vereadora Bernadete Vidal; dos Senhores Caetano Peretti, Guilherme Peretti e Vicenti Peretti, filhos da Homenageada; de demais diretores, funcionários e alunos do Colégio Província de São Pedro; de amigos e familiares da Homenageada. Em continuidade, foi dado prosseguimento às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, prestou sua homenagem à Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, exaltando a importância das atividades desenvolvidas por Sua Senhoria na área educacional e comparando o processo educativo a "um medicamento preventivo que, a longo prazo, determinará o fim da exclusão social". Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência alusiva à presente solenidade, enviada pelo Deputado Estadual Germano Bonow e, em prosseguimento, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do PMDB, salientou a justeza da concessão do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, externando sua satisfação em poder participar da presente solenidade e parabenizando o Vereador Reginaldo Pujol pela iniciativa de propor esta homenagem. O Vereador Juarez Pinheiro, em nome da Bancada do PT, afirmou a justeza da homenagem hoje prestada à Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, externando sua admiração à capacidade da Homenageada em formar uma equipe de educadores qualificados, que possibilitaram o reconhecimento internacional do Colégio Província de São Pedro. Na oportunidade, o Senhor Presidente informou que, em função de problemas técnicos, não seria possível a exibição de vídeo alusivo à vida da Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti. A seguir, o Vereador João Dib, na presidência dos trabalhos, convidou o Vereador Reginaldo Pujol para, juntamente com Sua Excelência, procederem à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Senhora Lurdes Maria Bolognesi Peretti, concedendo a palavra à Homenageada, que agradeceu o Prêmio recebido. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que seria oferecido, na Avenida Cultura Clébio Sória, um coquetel aos presentes. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e cinqüenta e um minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Dib e secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Reginaldo Pujol, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Dib): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a Prof.ª Lurdes Maria Bolognesi Peretti com o Prêmio de Educação Thereza Noronha.

Convidamos para compor a Mesa a Prof.ª Lurdes Maria Bolognesi Peretti; a Ex.ma Diretora e Supervisora da 1ª a 4ª Série do Colégio Província de São Pedro, Prof.ª Magali Lima Moraes; o esposo da nossa homenageada, Sr. Cícero Peretti; a Ex.ma Orientadora Educacional da Escola Província de São Pedro, Prof.ª Márcia Dimer.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará como proponente e em nome das Bancadas do Partido do PFL, PTB, PDT, PPB e o PSB.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ex.mo Sr. Ver. João Dib, neste ato, presidindo os trabalhos desta Sessão Solene destinada a promoção da entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Prof.ª Lurdes Maria Bolognesi Peretti a quem eu saúdo neste momento. Juntamente com o seu esposo, meu particular amigo, Dr. Cícero Peretti. Ilustre Sr.ª Diretora e Supervisora da 1ª a 4ª série, Professora Magali Lima de Moraes, ilustre Sr.ª Orientadora Educacional, Prof.ª Márcia Dimer, meus senhores, minhas senhoras, colegas Vereadores e colegas Vereadoras.

Diz o pensador espanhol, para os jovens sexagenários como eu, quer dizer muito, Ortega y Gasset, “que o homem é o ser e as suas circunstâncias”. Importa, portanto, releva, se relembrar as circunstâncias pelas quais esta homenagem se concretiza no dia de hoje. De um lado, a minha circunstância pessoal, hoje, 7 de dezembro, sabe bem o Peretti, bem melhor o Francisco Teixeira de Oliveira e o Apolinário Krebs Martins Cardoso, aqui presente, é um dia para nós muito especial. Há trinta e um anos, nesta data, mais ou menos neste horário, nós três, na Pontifícia Universidade Católica, recebíamos o certificado e o diploma correspondentes à nossa formação universitária. Por isso, dia 7 de dezembro circunstancialmente passou a ser para mim, para o Francisco, para o Apolinário e para vários outros o dia da afirmação pessoal, da maturidade, do ingresso na vida profissional, companheiro Juarez Pinheiro.

Em 69, nessa data, as circunstâncias se alteraram sobremaneira, mas, fundamentalmente, uma não se alterou, todos nós, na faculdade, no nosso período universitário, sempre tivemos uma preocupação muito grande em procurar, de uma forma ou de outra, evidenciar os valores positivos que num ou noutro segmento formam as mudanças e as transformações sociais que esse século que nós estamos a concluir foi tão pródigo em produzir. Nessa linha, eu, que circunstancialmente sou Vereador há alguns anos, fui alertado, num determinado momento, por uma pessoa que tem comigo uma cumplicidade muito forte, e muito próximo até do ato que estou a me referir, Lurdes Maria, no que diz respeito à minha formação profissional, porque o antigo estudante de ontologia, acadêmico de ontologia, integrante do Centro Acadêmico Elias Cirne Lima, nosso grande aliado nas lides universitárias, Sérgio Alexandre Bechelli, numa tarde, creio que, em 97, me alertava sobre uma transformação que estava ocorrendo na Cidade de Porto Alegre, e que eu, totalmente preso ao cotidiano da minha convivência aqui nesta Casa, não havia percebido por inteiro. Falava-me o Bechelli, mais como pai do que como conselheiro, da grande experiência educacional que se desenvolvia numa escola de Porto Alegre, a qual, para minha agradável surpresa, fui identificar na sua idealizadora e grande condutora uma pessoa que eu havia conhecido jovem, quando, através de seu esposo, tive o prazer de exercitar a convivência e um coleguismo muito fértil. É lógico que foi uma época bem mais distante, não tão distante quanto o nosso 69, data da nossa formatura, Francisco, mas, também, não tão próxima que não produzisse, nesse meio tempo, o Caetano, Guilherme e o Vicente, filhos do casal que hoje prestigiam este ato com suas presenças. Naturalmente, eles são reflexos daquela madura família que começou a se constituir nos primórdios da nossa atuação como profissional do Direito e da qual surgiriam o embrião da transformação da teoria, na prática, com a construção de uma escola em Porto Alegre que, ao longo do tempo, foi abrindo espaços, consolidando a sua atuação e promovendo uma verdadeira transformação.

Não posso, de maneira alguma, iniciar esta solenidade sem fazer esta referência muito expressa: das circunstâncias em que nasceu a homenagem e da feliz circunstância de um dia ter parado para ouvir o meu amigo Sérgio Bechelli que, com a sua persuasão fácil, me abriu a esta realidade, fazendo com que eu iniciasse uma trilha que seria logo depois acompanhado por um cúmplice muito sincero, meu companheiro de representação política na Casa, integrante de uma representação política ideologicamente afastada da minha postura liberal, mas um homem muito responsável, muito sincero e, sobretudo, muito coerente nas suas posições, a quem quero homenageá-lo, nesta hora, que é o meu companheiro Juarez Pinheiro. E, dá mesma forma como o Sérgio, pôde conhecer o trabalho da Lurdes, porque os seus filhos estão experimentando esta educação transformadora que a escola concebida pela Lurdes está a dirigir.

Eu discutia, Lurdes, com o Bechelli, mais uma vez, não que eu tivesse alguma dificuldade em aceitar a proposta, mas nós queríamos identificar o tipo de homenagem. O Juarez, inclusive, em determinado momento, chegou a discutir conosco, se não deveríamos conceder à Lurdes o Título de Cidadão Emérita de Porto Alegre, ou de Cidadã Honorária de Porto Alegre. Pensamos muito. Chegamos à conclusão, Ver. Cláudio Sebenelo, de que a grande sabedoria humana reside e consiste no fato de ajustar o fim com os seus meios. Aliás, dizia o nosso querido Armando Câmara, que o valor é o dinamismo da conformidade do ser com seus fins. Nada mais se ajustava à figura de educadora da Lurdes Peretti, do que nós distingui-la com um prêmio que, até a data de hoje, foi conferido a cinco pessoas na Cidade de Porto Alegre, porque diversamente da cidadania, produzindo no mais das vezes em trinta e três edições anuais, este prêmio, e nesse particular a análise do Ver. Juarez Pinheiro foi muito judiciosa, este prêmio é exclusivo. Anualmente, uma pessoa pode receber esta homenagem da Câmara Municipal. O Ver. João Dib que, inclusive, involuntariamente atrasou a concessão deste prêmio, sabe bem do que estou me referindo, ele em um determinado momento com toda justiça, buscou homenagear o Irmão Valério, destacado educador do Rio Grande com a sua grande obra por todos nós reconhecida, a Escola do Pão dos Pobres.

Então, a esse título, é necessário, Ver. Juarez Pinheiro, a esse prêmio um ajustamento com a pessoa, um ajustamento do ser com os seus fins. É preciso que o valor do que nos falava Armando Câmara se exerça na plenitude.

Houve uma caminhada, houve uma certa protelação pela rigidez que a Casa impõe que tão somente uma pessoa ano após ano possa receber essa distinção.

Fomos pacientes, aguardarmos na fila o nosso momento, e já poderíamos, Sérgio Bechelli, tu sabes disso, no início deste ano, termos promovido esta entrega, porque muito cedo, nos primórdios deste ano legislativo, a Câmara deliberou no sentido da concessão desse prêmio a Lurdes Peretti. Mas buscamos não fazê-lo naquela oportunidade, e o fizemos de sã consciência; conversamos sobre isso com o Dr. Francisco, com o Bechelli, com o Juarez e percebemos, Ver. Fernando Záchia, que todos nós estávamos, e junto conosco a Cidade, envolvidos num pleito eleitoral que permitia que qualquer atitude pudesse ter dupla ou tripla interpretação. E eu não queria – como efetivamente não o quis – que a homenagem que esta Câmara, por unanimidade, concedeu ao deferir a Lurdes esta homenagem, pudesse, por qualquer razão do mundo, ser confundida com um gesto ou outro senão aquele que determinou esta homenagem, que, por uma circunstância extremamente favorável acaba por se realizar nesse dia que é tão caro para mim e que sei que é caro para ela também.

Eu lembro que no dia 8 de dezembro de 1997 – e falar sobre a tua história é difícil, porque ela é tão rica, tão bela – tu tinhas também um dia muito importante. As circunstâncias que esta Casa reserva às terças-feiras e quintas-feiras para as homenagens como a que hoje aqui se realiza, impedem que no dia de amanhã – dia 8 – nós pudéssemos estar conjugando um fato com outro. Mas foste premiada, Lurdes, não pelo nosso Projeto – eu não diria meu, tamanha foi a cumplicidade do Ver. Juarez Pinheiro com a proposição, tamanha foi a importância do Bechelli no seu nascedouro -, tu foste premiada porque o nosso Projeto gera esta Sessão, que vem a ser presidida pelo decano dos Vereadores, o Ver. João Dib, o que, por si só, é uma razão suficiente para transformar esta Sessão Solene numa Sessão que, além de solene, é muito especial.

Aliás, eu posso, Ver. Fernando Záchia, informar à Cidade que uma boa construção política está a corrigir um desvio de rota e que, na nova Legislatura que irá se realizar, nós teremos, por um ano, permanentemente, a figura do decano dos Vereadores de Porto Alegre a presidir esta Casa. Diria que hoje é até um bom começo, é um bom presságio.

Mas, meus senhores e minhas senhoras, vejam que a figura da Lurdes nos permite esse tipo de divagação, até porque o fundamento inicial a justificar a facilidade com que o Bechelli nos comprometeu com a idéia de promover a homenagem, nascia daquela compreensão, Apolinário, que trazemos desde os bancos acadêmicos, de que os méritos devem ser ressaltados. Todos, neste País, buscam proclamar a educação como sendo a nossa prioridade e todos reclamam daquilo que é apresentado, aqui e acolá, como deficiência da educação, dos métodos educativos, a sua não-adequação com a realidade dos dias presentes, dessas transformações profundas que este fim de século consigna. Pois, é para ressaltar especialmente essas qualidades que a Câmara Municipal de Porto Alegre resolveu homenagear a Lurdes Peretti, outorgando-lhe este prêmio tão merecido. Mais do que polêmicas dialéticas a respeito dos caminhos da educação, temos, diante de nós, um exemplo prático de resultados concretos de uma educação de qualidade, a educação que ela, com seu tirocínio, com seu destemor, com sua coragem, com seu espírito de iniciativa, conseguiu construir nesta nossa Cidade de Porto Alegre.

A minha Cidade de Porto Alegre tem um dever: o forte dever de ressaltar o mérito daqueles que, sendo seus filhos, ou por ela adotados, aqui constroem, aqui produzem, aqui contribuem para essas transformações e melhoras que a sociedade está a exigir como contribuição e como responsabilidade social de todos nós. A Lurdes, por se inserir nesse maravilhoso contexto, se impôs a todos nós, recebeu, por unanimidade, o apoio, a decisão, a definição, a homenagem que a Casa do Povo lhe oferece, como que a produzir um exemplo, como que a ressaltar um exemplo.

Hoje, quando vejo aqui educadores, pais de alunos, alunos, fico muito feliz, porque, como liberal, tenho uma vocação enorme para aplaudir o sucesso, um desejo inquebrantável de aplaudir o vencedor, o empreendedor, o entusiasta, o transformador, quem contribui para o andamento da sociedade, que não fica no lamento, que busca construir alguma coisa de bom, alguma coisa de positivo, e quem como tu, Lurdes, que constrói esta maravilha de escola, com concepções modernas, com repercussão que transcende o continente americano, que é reconhecida na Europa, na Suécia, em todos os quadrantes do mundo, que invade a área da robótica, que trilha caminhos até bem pouco tempo não imagináveis nos métodos tradicionais consagrados da nossa escola clássica, tu, que inovaste, que tiveste coragem e desprendimento, és merecedora desta homenagem. E eu sou extremamente feliz, por um dia, um glorioso dia, um agradável dia ter encontrado o meu quase irmão Sérgio Bechelli e ter recebido dele tão maravilhosa sugestão. Obrigado a ti, Bechelli, obrigado a ti, Suzana, que contaste para o Bechelli a maravilha de educação que se fazia naquela escola.

Obrigado a todos os senhores e senhoras que nos prestigiam com as suas presenças, o nosso muito obrigado por estarem transformando-se em verdadeiros fiadores dessa decisão tão sábia da Câmara Municipal que, com muita inspiração, concedeu o Prêmio de Educação Thereza Noronha a Lurdes Maria Bolognesi Peretti, o que nos permite realizar esta Sessão e fazer a outorga definitiva, no dia de hoje. Muito obrigado a todos e meus cumprimentos, Lurdes, e, junto com os meus cumprimentos, o meu agradecimento de, pelo trabalho, ter nos dado a oportunidade de passar para a comunidade como um todo esse maravilhoso exemplo de qualidade, de capacidade, de fé, de luta e, sobretudo, de vitória. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): O Prêmio de Educação Thereza Noronha é conferido a educadores, alunos ou qualquer outra personalidade que, por sua contribuição à educação, enriqueçam esta atividade, especialmente havendo reflexos em Porto Alegre. E a nossa homenageada de hoje, Lurdes Maria Bolognesi Peretti, vai pertencer a uma galeria de personalidades, como, apenas para citar duas, Ziláh Totta e a nossa Professora Isolda Paes.

Quero considerar como extensão da Mesa os filhos da nossa homenageada, Caetano Peretti, Guilherme Peretti, Vicenti Peretti e também registrar a presença da Vereadora Bernadete Vidal e demais diretores, funcionários, alunos, amigos e familiares aqui presentes para esta solenidade tão importante.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome do PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu vinha no carro ouvindo este disco e ouvi uma música do Milton Nascimento, cujos versos são gênio de Fernando Brandi. Ele dedica às pessoas que trabalham com a voz:

“Há canções e há momentos/ Eu não sei como explicar/ Em que a voz é um instrumento/ Que eu não posso controlar/

Ela vai ao infinito/ Ela amarra todos nós/ E é um só sentimento/ Na platéia e na voz/

Há canções e há momentos/ Em que a voz vem da raiz/ Eu não sei se é quando triste/ Ou se quando sou feliz

Eu só sei que há momentos/ Que se casa com canção/ De fazer tal casamento/ Vive a nossa profissão”

Essa é a profissão da voz, do falar, do transmitir.

Il.mo Sr. Vereador, treinando para Presidente - e eles que se cuidem -, Ver. João Dib e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes. ) Todo professor é um artista. De preferência, artista plástico. Melhor ainda, um escultor. Ele esculpe em um processo de moldagem, seja em argila, cera, pedra, silicone, bronze, formão e martelo, colocando toda a sua psicomotricidade fina em um ponto ou no todo de uma obra-prima. Por fim, lá na frente, o produto e a recompensa. Hoje, Lurdes, estás recebendo teus direitos autorais de uma obra. A recompensa. É assim que o professor é ressarcido. Sua moeda de troca é o reconhecimento de sua comunidade, a unidade de medida é o afeto. Sua fortuna maior é perceber bem-encaminhada na vida cada uma de suas esculturas. Prof.ª Lurdes: hoje se tem como básico, na sociedade, que ela é a fotografia de sua unidade funcional e social, a família. Uma família só se equilibra diante da estabilidade da tríade pai, mãe e filho. Sabemos que outras circunstâncias - irmãos, amigos, cultura, meio ambiente e genética - têm suas influências específicas e em determinados pontos da formação. Mas gostaríamos de dar especial ênfase à ourivesaria da pré-escola. Ali, seja na creche, no maternal ou no jardim da infância, com as ajudas preciosas de equipes multidisciplinares, é possível, ainda, antes da idade escolar, a correção dessa moldagem, dos desvios da personalidade. Nosso ensino ainda é muito pobre nessa área, especialmente para as crianças de nossas inúmeras favelas, mesmo com todo o esforço na área pública. Mais de vinte mil crianças na Cidade de Porto Alegre estão sem pré-escola. É exatamente na pré-escola que começam a ser esvaziadas as prisões, as FEBEM, é exatamente aí que se interrompem os ciclos viciosos da criminalidade, onde se diferencia e se regula a tendência ao equilíbrio ou à voracidade. Na verdade, segundo trabalhos que começam a aparecer na mídia especializada, é ponderável a influência de fatores como a genética. Mas é no processo educacional que se conseguem verdadeiros "milagres" no tratamento de desvios dessa ordem, seja na sexualidade, seja na obesidade, seja na criminalidade, seja na toxicomania ou na tendência ao jogo de azar. Há um quê de voraz na personalidade, que a desvia e a desequilibra. Tudo se volta para o equilíbrio e há até uma certa indiferença para uns o que em outros é um desejo voraz. Como médico, aprendi que nada mais fácil, mais prático, mais econômico do que a prevenção, pois a maior prevenção que poderemos oferecer, educacionalmente, é a pré-escola. A eventual ausência dos pais permite, muitas vezes, a correção de distúrbios graves à personalidade, formando-se crianças bem mais próximas da urbanidade.

A longo prazo, teríamos amenizado nossos gravíssimos problemas sociais, judiciários e penitenciários, onde não há mais lugar para prisioneiros, onde não há mais lugar para internos, onde a justiça é morosa e insuficiente, seja por crime-negócio, seja por crimes de origem social, seja pela canibalização dos mais intensamente povoados setores urbanos de nossas megalópoles. Só há uma saída: é a preciosa via da educação, armamentária e desconcentradora da renda, avalista de nosso futuro, como nação de nossas crianças, de nossa sociedade, então muito menos violenta.

Comecemos pelo início, pela família, pela pré-escola. Qualquer governo que se preze instalará a sua sede na periferia de nossas cidades, nas favelas e de lá só sairá quando estiver solucionado o problema, começando pela educação.

Tolerância zero para a exclusão social, começando pela educação. Enquanto houver uma pessoa com fome, na miséria, doente e analfabeta. Enquanto as nossas estatísticas tenderem para a banalização da vida, para a pior mortalidade e morbidade de causas externas ao nosso corpo, da guerra civil permanente, que os nossos meios nos infligem, não resolveremos os mais agudos problemas da nacionalidade. Enquanto não houver sido resolvido esse tipo de problema, nós políticos, não temos o direito a qualquer tipo de descanso, nossos educadores continuarão a sua sina de, mal pagos, mal reconhecidos, muitas vezes esquecidos, anonimamente, porém continuarão sua faina diária, ininterrupta, não só na desesperança atual, mas no sonho redentor de muitas gerações que a iniqüidade e a nossa insensibilidade social não permitiram transformar em realidade.

Pelo menos, através da educação, uma sociedade menos infeliz. Quando, tomara que seja em um longínquo dia, Prof.ª Lurdes, fores atropelada por um processo de aposentadoria e teu vulto passear discretamente pelas ruas desta Província de São Pedro, teus alunos comentarão baixinho:  “Lá vai a Prof.ª Lurdes, que teve a visão e a coragem de fazer, de ensinar a parar, de parar para pensar, mas, principalmente, de pensar para criar.” Como aquelas suas crianças que foram premiadas, lá nos Estados Unidos, em um certame onde um país do Terceiro Mundo deu “de relho” nos gringos. Nós, aqui, fizemos uma festa, comandada pelo Ver. Juarez Pinheiro. Nós nunca esqueceremos a sua obra, seu produto, a sua visão de ensino, ou melhor, da obra-prima de uma artista plástica, melhor ainda, de uma grande escultora. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): O Ver. Reginaldo Pujol solicitou que transmitisse à nossa homenageada o abraço do Dep. Germano Bonow que, impossibilitado, não está presente neste momento.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra e falará em nome do PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Este prêmio é um dos diversos prêmios que existe na Casa, mas para nós, os Vereadores, talvez seja um dos mais significativos pela importância, porque ele estimula, incentiva aqueles educadores, aqueles profissionais que têm uma preocupação pela formação do futuro da nossa sociedade, do futuro da nossa Cidade. Os Vereadores, aqui, no nosso cotidiano, temos essa preocupação de uma maneira diferenciada, nos identificamos, mesmo não sendo educadores e professores, mas nós, quando entra em discussão e entra em votação a pessoa, como bem disse o Ver. Reginaldo Pujol, juntamente com o ilustre Ver. Juarez Pinheiro, os idealizadores desta homenagem, quando este título que é anual, que é discutido nesta Casa e indicada a pessoa que vai ser homenageada, a disputa é grande; os nomes são diversos, educadores com dificuldades os quais são de outras escolas e de outros momentos também querem participar, e os seus Vereadores os indicam. Para nós, esta não é uma simples indicação de um título de cidadão que, evidentemente, tem a sua importância, ou de um outro prêmio: é o prêmio de educação, é o prêmio daquelas pessoas que hoje fazem o futuro da nossa Cidade, que fazem o futuro da sociedade porto-alegrense.

Eu conheci a Prof.ª Lurdes por intermédio da minha irmã que tem os meus sobrinhos, por intermédio do meu irmão que tem dois sobrinhos... e isso ocorreu há dez anos, mas me marcou quando há algum tempo, já como Vereador, eu procurei a Prof.ª Lurdes para que nós pudéssemos discutir sobre a implantação da Praça Efraim Pinheiro Cabral, que fica atrás da Escola, uma homenagem que foi solicitada por mim e aprovada por esta Câmara. Lá era um depósito de lixo, um local de encontro de marginais, de viciados, enfim, com o qual nós nos preocupávamos, os moradores e a escola, no sentido de fazer com que aquela praça pudesse ser urbanizada. Eu fui lá, procurei a Professora e, em uma tarde, começamos a conversar a respeito da nossa preocupação. Naquele momento, eu comecei a me encantar com a Prof.ª Lurdes, pela sua visão, e ela me citava um exemplo de uma praça da Holanda ou da Bélgica - eu não tenho certeza de qual país ela citou, mas ela falou sobre uma praça na Europa -, dando o exemplo de como pessoas podem plantar frutos e colher os seus frutos para que ali as crianças pudessem começar a ter o significado exato da responsabilidade. E ali houve um avanço na conversa que inicialmente era sobre um nome de uma possível inauguração de uma praça. Começou ali, para mim, para este pai de anchietanos, este tio de alunos do Província, e comecei a me encantar com a Prof.ª Lurdes, com a sua visão, com a sua capacidade de enxergar um pouco além dos outros, com a sua capacidade de ver o mundo talvez com uma antecipação que nós normais não estamos vendo.

Por isso é que quando o Ver. Juarez Pinheiro e o Reginaldo Pujol trouxeram essa proposta, ela teve, de imediato, não pela relação familiar com os meus sobrinhos, com a minha irmã, com a escola, com a Prof.ª Lurdes, mas teve a reação e o apoio deste Vereador, mas teve a reação e o apoio deste Vereador porque sabe, e no pequeno e rápido contato que tive com a Prof.ª Lurdes, soube este Vereador distinguir as pessoas que têm essa capacidade de educar, essa capacidade de enxergar um pouco além, e quando se trata de educação das crianças, evidentemente temos uma preocupação maior.

Está de parabéns a Câmara Municipal, os Vereadores proponentes desta homenagem, mas está de parabéns a sociedade de Porto Alegre, vocês professores, colegas da Prof.ª Lurdes, vocês, pais de alunos, alunos que têm na escola onde passam grande parte do seu dia alguém que lhes educa de uma maneira diferenciada, de uma maneira moderna.

Deixo clara a satisfação da Câmara Municipal e os parabéns que este Vereador, o time de alunos da Escola Província de São Pedro dão à Professora Lurdes. Parabéns e muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra representando a Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ver. Reginaldo Pujol, que é, na verdade, o único proponente dessa iniciativa e que, com o mérito que caracteriza sua sensibilidade política, possibilita à Cidade fazer o resgate de uma homenagem que, há muito, a Prof.ª Lurdes já estava a merecer. Quero dizer que auxiliei o Ver. Reginaldo Pujol e que esta homenagem foi por ele lembrada. Logicamente, informado pelo nosso amigo comum, de muitos anos, Sérgio Bechelli, a quem também homenageio neste momento.

Caros filhos da Prof.ª Lurdes, demais senhores e senhoras presentes. Eu preciso fazer aqui algumas preliminares. Em primeiro lugar, esta homenagem a esta educadora reúne numa única Sessão três dos quatro Vereadores que serão Presidentes do Parlamento de Porto Alegre nos próximos quatro anos: o Ver. Fernando Záchia que acabou de fazer a sua intervenção será o Presidente no próximo ano; seguirá a sua gestão um Vereador do meu Partido, José Fortunati; logo depois, virá o Vereador Presidente desta Sessão e um dos Vereadores mais antigos do Parlamento brasileiro, mais experiente e mais inteligente que é o Ver. João Dib; e encerrando a Legislatura, o proponente desta homenagem, que é o Ver. Reginaldo Pujol. Isto por si só já demonstra a importância que esta Casa dá à homenagem que hoje presta à Prof.ª Lurdes.

Eu preciso fazer algumas preliminares mesmo que breves. Estou neste momento da minha vida parlamentar envolvido num processo absolutamente difícil, que é o de fazer um trabalho de uma Comissão que teria um prazo de noventa dias, em quinze ou trinta dias, e isso me impossibilitou de fazer o que eu queria: preparar um discurso em homenagem a esta pessoa que não só é uma grande educadora, mas mais do que isto, sabe trazer para perto de si grandes educadores. Por isso, tem na sua Escola, que é uma referência não só neste País como além-fronteiras, professores tão referenciados, tão categorizados como alguns que nós aqui nominamos e muitos outros que o momento não possibilita que venhamos a nominar.

Permitam-me também outras preliminares. Seus alunos tem freqüentado aqui as nossas Sessões de Estudantes e já se apropriaram do fato - que o Cícero na sua longa carreira como advogado sabe e todos os outros, assim como o Sérgio Bechelli, que já foi Secretário de Estado - de que um Parlamento reúne pessoas que têm na sua visão política questões de fundo diferenciados. Afora isso, nós que nos digladiamos aqui quase no dia-a-dia, nós construímos relações profundas de amizade, relações que valem para a nossa vida. Eu tenho a felicidade de, nesse momento quando nós homenageamos esta grande educadora, estar presente aqui com aqueles que possivelmente melhor eu me relacione neste Parlamento, embora sejam de partidos que não pertençam à minha força política e às idéias que eu defendo, e eu me refiro, aqui, ao Ver. Reginaldo Pujol, a quem preside - o Ver. João Dib -, ao Ver. Cláudio Sebenelo e ao Ver. Fernando Záchia, que me antecedeu nesta tribuna.

Tenho outras preliminares, e não quero ser extenso, como ser pai de alguém que está desde o jardim-de-infância nessa escola já tão respeitada em nossa Cidade, em nosso Estado e em nosso País. E não tendo tido tempo de preparar a minha intervenção, eu gostaria de tê-la feito há uma semana, eis que, infelizmente, fui guindado a uma tarefa para a qual não pedi, venho falar, sendo amigo da Prof.ª Lurdes, e isso me honra muito. Há poucos minutos, antes de iniciar a Sessão, quando conversava com a Procuradora-Geral da Casa, eu falei que estava triste por num dia tão especial não poder fazer a intervenção que eu queria. E ela me disse: “Juarez, mais importante do que fazer uma grande intervenção é tu teres o teu filho numa boa casa.” E eu quero dizer à Prof.ª Lurdes que eu tenho o meu filho numa boa casa, porque a Escola Província de São Pedro, sabem os pais que aqui estão e sabem os alunos, se constitui numa continuidade da casa dos nosso filhos. Falar na Prof.ª Lurdes nos faz pensar que temos dias de muitos dias e dias de dia nenhum. Dias de muitos dias são aqueles dias que vão permanecer de forma marcante nas nossas vidas e dias que vão-se renovando e vão-se perpetuando; e há outros dias, que por motivos tristes, a gente gosta de esquecer e deve esquecer. Hoje é um dia de muitos dias não só para a homenageada, para o seu esposo e para os seus filhos que aqui comparecem; hoje é um dia de muitos dias para esta Casa, que faz essa homenagem através da iniciativa do Ver. Reginaldo Pujol; é um dia de muitos dias para os alunos, que aqui vêm homenagear a sua Diretora; é um dia de muitos dias para seus filhos, é um dia de muitos dias para seu esposo e, acima de tudo, é um dia de muitos dias para essa grande educadora, é o dia que nós todos podemos celebrar alguém que é absolutamente diferenciado, alguém que, acima de tudo, sabe ousar, e Fernando Pessoa já dizia: “Se quiseres ousar, ousa!” Mas a Prof.ª Lurdes ousa tanto, Ver. Reginaldo Pujol, que às vezes, mesmo nós, que temos uma visão de futuro e achamos que o fundamento do homem é realmente o futuro, ficamos embasbacados, tamanha a sua iniciativa, tamanha a sua coragem. Coragem para fazer mudanças! Coragem para transformar! Coragem de não ficar presa a determinadas metodologias de ensino por razões de ordem dogmática. Coragem de saber pensar cada método pedagógico, tirando dele o que é importante num novo contexto, num novo momento pelo qual a humanidade passa. Enfim, criar um sistema que é novo, que é referência em sistema de ensino. Poderíamos buscar muitas definições do que seja educação. Eu que não sou da área, mas para mim educação é fazer com que a escola olhe para o aluno, fazendo com que o aluno consiga olhar para si e consiga olhar, também, para a sociedade em que vive. A Prof.ª Lurdes é, como educadora, é, como diretora, a grande condutora desse novo processo. Com a sua ousadia, com a sua inteligência, com a sua sensibilidade, não só sabendo as teorias pedagógicas - e ela sabe muito mais do que todos nós -, mas sabendo buscar aquelas pessoas que possam auxiliar a constituir esse novo, esse algo absolutamente diferenciado.

Quero dizer que, nobre homenageada, Diretora Lurdes, estou muito feliz de ter meu filho na sua escola. Ele lá ingressou, não por razões de acaso. Ingressou assim como ingressaram os filhos do meu amigo Sérgio Bechelli, por razões de decisão, razões de escolha. Na vida, muitas vez, as circunstâncias nos levam a caminhos para os quais não desejávamos ir, mas a vida nos impõe por uma razão ou outra. A escola do meu filho não foi ao acaso que foi a escolhida. Ele freqüentava o ‘jardim’ de uma escola que eu verifiquei, na verdade, não iria trazer aquilo que eu buscava na formação do meu filho e eu fiz uma longa pesquisa. E depois tive muitas dificuldades para conseguir uma vaga, isso há muitos anos. Nós sabemos que não é fácil entrar no Província de São Pedro, porque o que é bom todo mundo procura.

Quero citar, ao finalizar, que homenagens como a que ora prestamos a essa grande educadora - e o Ver. Reginaldo Pujol já sinalizou - apenas cinco pessoas foram distinguidas com este Prêmio. A Prof.ª Lurdes, afora ser referência na nova escola pedagógica, que está num embrião para ser formalizada, talvez, futuramente, ele está já alcançando num momento resultados práticos importantes, que são dificilmente alcançados por outras instituições de ensino sejam públicas ou sejam particulares.

Eu me refiro, por exemplo, ao alto índice de aprovação nos vestibulares que os alunos do Colégio Província de São Pedro estão conseguindo, mercê não só da carga de informações que recebem na sua formação, mas mercê, também da sua estruturação enquanto cidadãos, e da tranqüilidade com que recebem as informações de seus mestres. Nós, aqui, o Ver. Cláudio Sebenelo já sublinhou, num gesto extremo de ousadia, tivemos o orgulho, inclusive um grupo de Vereadores, que na sala de computação desta Casa assistimos, via Internet, a uma escola de Porto Alegre que pela primeira vez uma escola brasileira foi competir nos Estados Unidos, uma competição exigindo alta tecnologia, alta pesquisa, exigindo investimentos altíssimos e a Prof.ª Lurdes, juntamente com alguns professores e seus alunos, que são na verdade o fim último da escola, conseguiram representar muito, mas muito bem mesmo, não só a Cidade de Porto Alegre, mas como o nosso País. O que aquilo simbolizou, Prof.ª Lurdes, foi muito mais do que o prêmio recebido na Virgínia, simbolizou a ousadia, simbolizou o fato que nós não devemos ser inerciais, simbolizou o fato de que nós podemos, sim, transformar a sociedade, que a idéia do caminho único de que tudo está dado não é verdadeira, que nós podemos buscar e o Brasil pode buscar o caminho que lhe é destinado no concerto mundial.

Hoje, portanto, a Casa faz um resgate, homenageando uma das maiores educadoras, que por certo vai deixar nos Anais desta Casa e no concerto da educação desta Cidade, deste Estado, uma história que poucos alcançarão.

Parabéns, Prof.ª Lurdes, parabéns, senhores familiares e parabéns, principalmente, àqueles alunos que têm a ventura de freqüentar a Escola Província de São Pedro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Neste momento, vamos assistir a um vídeo mostrando parte da vida da nossa ilustre homenageada. A homenageada me faz uma correção, com a perfeição que tem de ter um professor: o vídeo não se refere somente à vida da homenageada, mas principalmente da escola onde eu tenho o orgulho de ter uma neta como aluna, também.

 

(Foi suspensa a apresentação do vídeo por problemas técnicos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Convido o Ver. Reginaldo Pujol a proceder à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha.

 

(Procede-se à entrega do Prêmio.) (Palmas.)

 

A Sra. Lurdes Maria Bolognesi  Peretti está com a palavra.

 

A SRA. LURDES MARIA BOLOGNESI PERETTI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Bom, como ainda não sou política e não tenho a experiência dos meus antecessores, vou falar com vocês porque, para cada lado que eu me viro, eu só vejo amigos; rostos que fazem parte da minha vida, de pedaços importantes da minha história. Para cada lado que viro vejo pessoas que me emocionam e lembro de todas as horas maravilhosas que passei com elas.

Estou muito feliz com esta homenagem. Acho que a mereço - sempre digo o que penso - e esta é uma homenagem que não é somente minha, porque não teria feito nada se não fosse essa equipe maravilhosa de professores que trabalham comigo. O grande segredo do sucesso da escola é a lealdade e a harmonia que existe entre os professores que a compõem. Desde o primeiro momento conseguimos passar para todos que a escola tem uma alma própria, e sabíamos o que queríamos buscar.

Pedi que viessem à Mesa essas duas meninas, a Márcia e a Magali, que estão comigo há vinte anos, que começaram quase crianças - todos me ajudaram - e foram minhas companheiras de todas as horas de alegria, de tristeza, de luta, de trabalho. Todos os professores que estão aqui, e os que não estão também, saibam que amo todos vocês, que é maravilhoso poder repartir este título com vocês, porque ele não é só meu, a escola não é minha, a escola é nossa, e é muito bom, é maravilhoso caminhar na vida quando se caminha com pessoas que sonham como a gente. Quero repartir este título com todos vocês. Não posso nomear a todos, porque para cada lado que viro vejo pessoas amigas, pessoas que são importantes demais na minha vida. Vejo os meus padrinhos de casamento, que espero não ter desiludido, de trinta anos atrás. Vejo amigos recentes, pais, conheço a todos de uma forma ou outra.

Quero deixar a cada professor, a cada funcionário o meu muito obrigada pelo trabalho que vocês desenvolvem. Sei o quanto de amor, de dedicação existe, sempre com aquela nossa idéia de mostrar sempre o positivo, ensinar sempre a criança a se relacionar com o amigo que está ao lado. Todos vocês têm a mesma alma, a mesma cara. Caminhar com vocês foi uma coisa muito bonita e vocês são a minha segunda família. E os meus amigos leais, os meus professores, são a família que a gente escolhe. E, falando em família, eu quero agradecer ao meu marido, ao meu companheiro, que me agüentou nesses trinta anos, e as três maiores alegrias da minha vida, minha realização, os meus filhos: o Caetano, o Guilherme e o Vicenti.

Quero agradecer, também, aos pais, que estou vendo, aqui, aos alunos. Eu tenho com cada um deles uma história particular. Vocês fazem parte da minha vida. Eu conheci muito os filhos de vocês, ainda bebês, nós tiramos as fraldas deles, ensinamos a ler, vimos eles fazer vestibular, choramos juntos com a alegria do vestibular e, neste ano, formamos a primeira turma de alunos, que eu sei, vão fazer muita diferença no mercado. Eles já fazem, agora.

Quanto aos Vereadores, todos são meus amigos, os que estão aqui, ou é avô da escola, pai da escola. Eu fico muito contente e quero dizer que não foi à-toa que eu escolhi Província de São Pedro como nome da minha escola. Na hora de trocar de nome, de Castelinho, que foi uma escola que começou bebê e foi crescendo com os alunos. Ela foi bebê, ela foi menina, ela foi adolescente, foi vestibulanda numa época e, agora, está se tornando adulta. Na hora de trocar de Castelinho para um outro nome, corriam muitos nomes estrangeiros, artísticos, mas eu pensei, eu quero o primeiro nome do Rio Grande do Sul. Província é o nome de uma escola que veio para ficar em Porto Alegre. A primeira, com exceção do João XXIII, em quase cem anos que Porto Alegre não tinha uma escola nova. Nós fizemos uma experiência e os pais que estão aqui acompanharam desde o começo e sabem que foi duro, às vezes, acertamos muitas vezes, erramos em outras vezes, mas o resultado foi muito bom.

Eu tenho muito orgulho, mas orgulho mesmo de cada criança que está lá dentro da escola. Eu tenho certeza de que as coisas que eu acredito e que eu amo não vão ficar desperdiçadas. Eu estou deixando de herança para muitas pessoas que vão cuidar delas com todo o carinho. A coisa mais emocionante para mim, além de receber este prêmio, foi ver que não estou recebendo o prêmio apenas de um partido; estou recebendo o prêmio de pessoas que trabalham, Vereadores que lutam pela nossa Cidade. Eu tenho viajado muito, pois segui o conselho de um amigo que me disse: “Viaja, vai mostrar esta tua escola!” Eu mesma fiquei surpreendida com a recepção que tive no exterior, desde o começo, com o reconhecimento do elemento humano, maravilhoso, superior que nós temos aqui no Rio Grande do Sul. Quando chegamos a outros países, como no ano passado, aos Estados Unidos, no Programa First, que estaremos de lá de novo, o Brasil é um Bud 02 e no dia 8 de março, estaremos disputando novamente esse certame, que é anual, na Virgínia. Cada ano é um jogo diferente e esse jogo não é simplesmente uma atividade, é um programa que existe nos Estados Unidos para resolver um problema seriíssimo e que eu gostaria de colocar aqui, o problema de nossa educação.

Realmente, a base da educação é a pré-escola. Não é só a parte da formação da personalidade, é o raciocínio. Toda a parte de formação é a pré-escola. Se não tivermos uma pré-escola boa, nós nunca teremos escolas boas, não adianta investir só no final, na faculdade.

Em Chicago, em 1999, num congresso, onde eu fiquei conhecendo e abriram-me a possibilidade da escola participar, permanentemente, e se o modelo der certo, se eu me sair bem, provavelmente, esse programa vai ser estendido de Porto Alegre para toda a América do Sul. É um programa que visa trazer, urgentemente, as crianças para um trabalho e corrigir um erro muito grave dos últimos trinta anos. Eu como faço parte de uma geração especial, como muitos daqui, que passou a vida assim: conhecendo os nossos avós que chegaram da Itália, que contavam os sonhos, que contavam como tinha sido a viagem, meu pai que falava dos cafezais em São Paulo, onde ele ficou, menino, fui da geração dos anos 60, que fizeram a revolução hippie e toda a revolução, depois a filosofia existencialista. Todos nós que acreditávamos que o futuro que viria exatamente em 2001 seria um futuro onde a técnica deixaria o homem quase que isolado, solitário, e as habilidades não seriam necessárias. Toda a educação foi voltada para isso. Hoje estamos vendo o contrário, mais do que nunca as habilidades que a escola têm de criar, são as habilidades que aparecem na nossa revista que saiu no jornal. A criança tem de aprender a trabalhar com as mãos. O mercado está pedindo pessoas que saibam fazer coisas, que saibam trabalhar. E esse programa americano está fazendo isso. Ele foi buscar todos os engenheiros aposentados, os engenheiros da NASA, grandes figuras das indústrias americanas e, durante seis semanas, eles desenvolvem um programa com o que tem de mais moderno em tecnologia. Estamos sendo convidados para participar de um programa na Inglaterra. Já estivemos lá, em setembro e, se tudo der certo, Porto Alegre vai ser escolhida, a nossa escola e, logicamente, Porto Alegre, como parte do Youth People’s Parliament, que é o parlamento de pessoas jovens, que está sendo montado em Birmingham. E toda vez que a ONU se pronunciar sobre assuntos de crianças, até dezoito anos, eles vão ter que ouvir esse parlamento.

Com isso, nossos alunos da Província de São Pedro vão ter reconhecido o seu diploma pelo governo americano com o selo de qualidade. E Porto Alegre poderá representar todo parlamento para América, por intermédio do colégio. Falta apenas a assinatura do contrato agora e a visita deles a Porto Alegre em março.

A escola também está sendo convidada para o dia 2 de julho estar na UNESCO, em Paris, onde vão ser tratados todos os problemas que os maiores educadores do mundo estão vendo para a partir de 2001.

Tenho muito orgulho do trabalho, olho e vejo, por exemplo, o Gustavo, e sabemos da emoção que sentimos, quando recebemos o prêmio, na Virgínia, de primeiro lugar. Quando ouvimos eles falando de naves espaciais e citando um grupo corajoso, comentando que o grupo que receberia o prêmio dos juízes como de melhor design seria o grupo com a cor das florestas brilhantes do seu país de origem. Todos começamos a chorar, porque foi uma coisa muito bonita. Estaremos, no dia 8 de março do próximo ano, novamente na Virgínia, na sede da Universidade Regional da NASA, uma das mais difíceis, com o nosso robô nº 2. Somente no dia 6 de janeiro conheceremos o desafio deste ano. Pretendo honrar esse título por todos os dias que tiver pela frente.

Porto Alegre, independente de partido, poderá ser a grande Cidade com uma vocação cultural, com um elemento humano maravilhoso reconhecido no mundo inteiro, como quando levamos os alunos, que a imprensa comentou. No ano passado foi a CNN, nos Estados Unidos, que se encantou numa entrevista com os nossos alunos. Esse material humano que existe no Rio Grande do Sul não pode ser desperdiçado, perdendo-se tempo com desarmonias ou com lutas pelo poder. Isso é caminhar para trás.

Esse prêmio é bonito porque vejo aqui, hoje, um clima de harmonia, e é esse o valor que ele tem para mim. Somos os responsáveis pelos modelos que passaremos para esses jovens. Tenho muito orgulho de todos eles e todos eles estão na minha memória. São tantos os amigos que vejo aqui, que não saberia para quem me dirigir.

Para todos o meu muito obrigada, não só por esse prêmio, mas por todos os dias que passei com vocês. Vocês tornaram a minha vida maravilhosa. E para os meus três filhos: vocês são a melhor coisa da minha vida e tenho muito orgulho de vocês. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Infelizmente, por razões de ordem técnica, não poderemos assistir ao vídeo, mas a nossa Professora que disse não saber falar, deixou o coração falar e, realmente, comoveu todos, a atenção foi extraordinária.

Informamos que vai haver uma confraternização entre alunos, professores e convidados no saguão da Câmara.

 

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h 51min.)

 

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